Olá, aqui é o Eduardo retornando para lhes trazer mais uma aula incrível. No post anterior, nos aprofundamos em tudo relacionado a um dos compressores mais emblemáticos da história, o célebre Universal Audio 1176. Portanto, se você não o assistiu, recomendo fortemente que o faça. Incluirei o link na descrição para facilitar.
No entanto, ao discutirmos versatilidade, é impossível não mencionarmos outra joia, o Empirical Labs Distressor – o compressor considerado o mais versátil do planeta. Então, você deseja dominar este clássico e aprender os ajustes ideais para cada instrumento? Fique comigo.
O Distressor da Empirical Labs vai além de ser um simples compressor; ele é uma peça icônica de estúdio, influenciando várias gerações de produtores musicais. Desde seu lançamento em 1996, o Distressor se tornou um favorito de engenheiros e produtores renomados, tais como Chris Lord-Alge, Michael Brauer, Dave Pensado, Andrew Scheps e Greg Wells. E ainda hoje, décadas após seu lançamento, permanece uma ferramenta essencial para quem procura compressão com a versatilidade únicas, disponível tanto em formato analógico quanto em plugins.
A Origem do Empirical Labs Distressor
Para aqueles que não estão por dentro, o Distressor foi idealizado por Dave Derr, um engenheiro da Eventide que colaborou no desenvolvimento do H3000, um renomado processador multi-efeitos de estúdio.
A marca é bastante conhecida entre guitarristas, especialmente pelos seus pedais de efeito de qualidade. O Distressor nasceu com a ambição de ser um compressor boutique, que oferecesse a riqueza sonora dos compressores vintage ao passo que integrava flexibilidade e controles modernos.
Na época, Derr percebeu a necessidade de um compressor capaz de imitar diversos tipos de compressores clássicos, e assim surgiu o Distressor.
E apenas por curiosidade, o Crane Song Trakker é outro compressor que segue a linha do Distressor.
Crane Song é outra fabricante excepcional que fabrica equipamentos analógicos com a capacidade de emular outros analógicos. Em minha opinião, o Crane Song oferece uma compressão mais transparente, enquanto que o Distressor tende a colorir mais o timbre. Contudo, ambos são excelentes opções. Mas, como não há uma versão em plugin do compressor Crane Song, focaremos no estudo do Distressor.
Já experimentei também as versões da Crane Song Trakker e da Softube. Todos esses oferecem qualidade equivalente. Então, escolha o que mais lhe agradar. O que vamos explorar aqui é aplicável a qualquer plugin do Distressor, bem como ao hardware analógico. E caso você esteja gravando em seu próprio estúdio e tenha condições financeiras, investir na versão analógica é algo a ser considerado, pois é bastante benéfico já gravar utilizando suas funcionalidades.
Vamos começar então pela análise de seus parâmetros.
Distressor e seus Parâmetros
Input/Output
Vamos manter o controle no valor 5 e a relação no 6. Isso é o que o manual do compressor analógico sugere para começarmos. Ajustando o input, aumentamos a compressão.
Semelhante ao 1176: quanto mais alto o input, maior a compressão aplicada. E conforme ajustamos o input, compensamos com o volume no output.
Ratio
Aqui, a proporção funciona como em qualquer compressor: no 1:1 não há compressão alguma e estamos usando o Distressor somente para dar um calor ao som. Quanto maior for o ratio, mais intensa será a compressão aplicada.
No caso do 10:1, ele emula um opto compressor, como o LA2, LA3, LA4, e o nuke imita o All Button do 1176. Lembrem-se de quando falei no post sobre o 1176 que a capacidade de pressionar todos os botões de ratio simultaneamente era uma “falha”, criando uma textura sonora que muitos engenheiros adoraram? Pois bem, esse Nuke é justamente essa simulação. Vou tocar aqui para que sintam a diferença. E lembrem-se de tomar cuidado ao mudar o ratio, pois o volume pode variar bastante, especialmente na transição do nuke para o 1:1. Recomenda-se pausar o áudio antes de fazer este ajuste.
Outro ponto interessante sobre o Distressor é que ele não altera apenas a taxa de compressão, mas também o joelho, que é aquela curva de compressão de que já falamos no post sobre compressores.
Ataque e Release
O Ataque é quanto tempo o compressor demora para iniciar a compressão, enquanto o Release é o tempo que leva para parar de comprimir.
Tempos de Ataque mais lentos permitem que transientes penetrem antes do início da compressão, conferindo uma intensidade especial ao som, ou o famoso “punch”.
Já no Release, se for extremamente rápido, podem ocorrer efeitos colaterais de “pulsar” e “respirar”, devido ao rápido aumento do ruído ao fundo já que compensamos no ganho de saída.
Se o tempo de Release for prolongado, isso pode resultar em um ganho reduzido que confere uma impressão de compressão mais “suave” e “transparente”. Isso vale para todos os compressores: quanto mais rápido o release, mais percebemos a compressão; quanto mais lento, mais transparente a impressão de compressão.
Ao longo desta explicação, pratiquei alguns ajustes semelhantes no Distressor, mas caso tenham surgido dúvidas, sugiro que baixem meu ebook Tudo sobre compressores.
Oportunamente, ele está disponível gratuitamente por tempo limitado—não perca tempo, pois ele não permanecerá gratuito. No ebook, detalhes sobre técnicas avançadas de compressão são desbravados, mesmo para quem é iniciante na área e não possui conhecimento prévio.
Lá também discorro sobre os Compressores Clássicos para cada Instrumento, como ajustar compressores eficientemente, além de compressão paralela, comparações entre compressão e limiting, e muito mais. Não deixem passar essa chance.
Ajustes de Distorção
E agora, voltando ao Distressor, os próximos ajustes relatam as opções que o diferenciam dos outros compressores. Se todos os LEDs estiverem desligados na área de “Áudio”, temos o Distressor no modo mais “clean” possível.
Apertando o Dist 2, porém, é adicionada uma leve distorção de harmônico secundário – praticamente, é o som de válvulas sendo emulado. Com Dist 3 ativado, temos um pacote mais completo de distorção, combinando os harmônicos secundários e terciários, imitando um gravador de fita saturado.
Filtro HP
Vamos explorar o HP, que é um High Pass, ou seja, um filtro que corta frequências abaixo de 80Hz.
Apesar deste botão ser como um equalizador que exclui baixas frequências, no detector ele simplesmente atenua, fazendo com que o compressor não reconheça tão significativamente as frequências graves.
Detector
Imagine que você está lá, gravando um vocal, e de repente, os sons de “p” e “b” começam a bater no microfone. O resultado? Uma massiva onda de baixa frequência que aciona o compressor de forma inadequada. Isso faz com que o vocal pareça tropeçar, resultando em algo nada natural.
Mas aí, tem o botão que resolve isso, que é o HP do detector. Com esse filtro, frequências graves não vão mais dar aquele start na compressão, e seu vocal vai ficar liso, sem aquela caída brusca quando nosso amigo “p e “b resolvem dar as caras.
E tem esse botão de Band Emphasis, que enfatiza a banda de 6kHz. Ele faz com que o compressor reaja mais a essa região de frequência. E quando esse HP faz com que o compressor detecte menos os graves, aqui ao contrário, ele faz com que ele detecte mais os agudos.
E na prática. Quando isso é util? Por exemplo num vocal em que a voz vai muito no agudo e fica muito alto e estridente. Numa caixa de bateria que for meio aguda. Quando o baterista tocar muito forte e saltar esse agudo, ele vai segurar. Pessoalmente, uso bastante com essas duas opções ligados, o HP e o Band Emphasis.
Exemplo de Configurações
Agora, aos exemplos práticos de configurações recomendadas pela Empirical Labs. Pensem que, se eles desenvolveram o compressor, provavelmente sabem do que estão falando, certo? E todas as suas recomendações foram amplamente testadas e comprovadas também por mim, dado a minha vasta experiência com o Distressor, conhecendo bem as nuances e detalhes que ele pode trazer. Mas isso não quer dizer que devemos seguir estas configurações à risca, pois quem tem a palavra final é nosso ouvido.
Contudo, na maioria das vezes, estas configurações dão certo, porque elas já foram testadas e comprovadas várias vezes.
Vocais
Durante gravações, desligue os modos de distorção para um som extremamente limpo, ligue o filtro HP e o Band Emphasis no detector.
Ratio de 6:1 ou menos, ataque em 5, release em 4, e ajuste o input conforme necessário.
Para mixagem, Dist 2 pode adicionar um brilho nos vocais, e o modo “Opto” em 10:1 é uma curva clássica para voz.
Ative o opto 10:1 com ataque em 10 e release no 0 para testes.
Baixo
Alterne entre Ratio de 4:1 ou 6:1, ataque em 5, release em 4.
Os modos de distorção proporcionam ótimos efeitos no baixo, mas dependem do estilo.
Band emphasis no detector é útil para linhas de baixo com slap. Teste também o modo “Opto” para graves mais profundos.
Guitarra
Varie os ajustes conforme a necessidade.
Para abaixar ataques agressivos, opte por ataque rápido e release médio.
Para suavizar solos de guitarra, experimente ativar o Band Emphasis no detector.
Ratio recomendado é o “Opto”.
Violão
Muitos engenheiros consideram o Distressor como ideal para compressão de violões.
Ratio de 6:1, ataque em 2, release em 5, HP útil no detector.
Ataque rápido gera um som pleno, pois os ruídos de palhetada são atenuados enquanto o sustain é prolongado.
Piano/Teclados
Inicie com ataque rápido de 0 a 4 e release médio de 4 a 6.
Pianos acústicos geralmente exigem menos ataque e encaixe na mix.
Bateria
Para dar início, mantenha o ataque acima de 3 para preservar transientes e ajuste o release conforme o som desejado.
Na Caixa experimente o Dist3 com o Band Emphasis ligado
No Bumbo, o opto com ataque no 10 funciona muito bem.
Microfones de Sala
Às vezes, uma compressão radical é ideal, então coloque o Ratio em 20:1 ou “Nuke”, ataque em 6 e release em 3 ou menos.
Emulações Clássicas
Compressores Opto
Tente o ratio “Opto” (10:1) com ataque em 10, release no 0 e Detector HP ligado, ajustando input e output para obter a compressão e volume adequados.
Compressores VCA
Configure para 2:1, ataque em 9 e release em 2 no modo limpo para simular um DBX160.
Compressores FET
Ratio entre 3:1 e 20:1, dependendo do botão do 1176 que deseja emular; mantenha o ataque rápido.
Compressores Valvulados
Ratio 6:1 com ataque e release em 4 para simular um compressor valvulado.
Mix: O Valor Agregado nos Plugins
Um equilíbrio de saída combinado entre o sinal processado pelo plugin e o sinal da fonte seca original pode ser ajustado com o controle Mix. Mix facilita técnicas de compressão paralela sem a necessidade de criar roteamentos adicionais na DAW.
O duelo dos gigantes
Qual o melhor plugin de 1176?
Será o da Universal Audio? Da Waves? Da Slate Digital? Softtube? Ou quem sabe um gratuíto?
Todas as tracks com os mesmo ajustes, mesma compressão e mesmo volume. E contem uma versão comprimida no Universal Audio 1176 Analógico para você comparar e tirar suas próprias conclusões.
Em resumo, o Empirical Labs Distressor representa uma ferramenta de studio indispensável para aqueles que valorizam tanto a autenticidade do som vintage quanto a flexibilidade dos controles modernos. A compreensão aprofundada de seus parâmetros e técnicas de compressão pode elevar drasticamente a qualidade das suas produções musicais. Seja em busca de um som mais limpo ou da calorosa saturação das válvulas e fitas, o Distressor prova ser um aliado imprescindível para engenheiros de som e produtores musicais.
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Eduardo Rabuske
Produtor Musical, engenheiro de som e guitarrista: Formou-se em Produção Fonográfica na Unisinos e continuou seus estudos em cursos no Rio Janeiro (Brasil) e em Hamburgo (Alemanha). Já realizou trabalhos com artistas de todo o Brasil que vão do gospel à vaneira e rock, como Tchê Barbaridade, Tchê Garotos, Renato Borghetti, Alexandre Móica (Acústicos e Valvulados), Bidê ou Balde, Tequila Baby, Frank Solari, Kiko Freitas, Felipe Duran e outros.
Treinamentos: Desenvolveu o Audio Expert, um dos melhores treinamentos para produtores musicais e engenheiros de áudio da atualidade.
Projetos Acústicos: Realiza projetos arquitetônicos com tratamento e isolamento acústico para estúdios, residências e auditórios.
RKE Studio: Proprietário do RKE Studio, um dos maiores estúdios do sul do Brasil.