Dominando as Frequências: Um Guia Completo do Equalizador
Eduardo
04/08/2024
Sumário
Descubra no universo da música, o papel crucial que o equalizador desempenha. Esta ferramenta de precisão, fundamental na equalização, permite moldar cada detalhe sonoro. Mergulhe conosco nas faixas de frequência e aprenda a otimizar sua mixagem e masterização, destacando harmonias e enriquecendo melodias, com o uso estratégico de equalizadores variados.
O que é o Equalizador?
O equalizador é um dispositivo ou software que possibilita a modificação dos níveis de volume em específicas faixas de frequência sonora.
Por meio de seu uso, é possível não apenas enriquecer o áudio em comparação ao original mas também diminuir certas frequências para que outros elementos da mixagem possam se destacar.
Frequências
A unidade de medida das frequências é o Hertz (Hz). A frequência de um som é determinada pela quantidade de ciclos que ocorrem a cada segundo. Por exemplo, um som com uma frequência de 20Hz oscila vinte vezes em um segundo, enquanto um som com 20kHz (kilohertz) vibra vinte mil vezes por segundo. As oscilações sonoras que ocorrem entre 20 e 20.000 (20k) ciclos por segundo são aquelas audíveis para uma pessoa com audição considerada normal.
Divisão do Espectro
Frequência Fundamental e Harmônicos
Os componentes de frequência ecos da nota base são conhecidos como harmônicos, sendo estes inteiros do valor da nota principal. Tomando como exemplo uma nota base de 110 Hz, os harmônicos subsequentes serão 220 Hz, 330 Hz, 440 Hz e outros valores crescentes de maneira sequencial.
Na região dos sons agudos mais elevados, predominam os harmônicos em vez das frequências fundamentais. Tomando o timbre de um prato, sua frequência básica pode estar por volta de 1.5 kHz ou até inferior. Portanto, para enfatizar a nitidez ou “brilho”, a elevação dos harmônicos é preferível em relação à frequência base.
Ao ajustar os sons de baixa frequência com um equalizador, pode ocorrer confusão entre a identificação da nota base e seu segundo harmônico.
Um conselho é fazer uso de um Analisador de Espectro para diferenciar as frequências efetivamente. Por exemplo, em um baixo, onde a nota chave está frequentemente entre 60 a 125 Hz, seus harmônicos imediatos, o segundo e terceiro, podem ser identificados na faixa de 125-250 Hz ou além disso.
Tipos de Equalizadores
Equalizadores Paramétricos
O equalizador que conhecemos hoje foi uma criação de George Massenburg na década de 1960, especificamente em 1967.
Falando mais sobre o equalizador paramétrico, ele se destaca pela sua incrível versatilidade de ajustes. Conta com três parâmetros principais: escolha de frequência, nível de reforço ou redução dessas frequências, e a definição da largura de banda que será afetada.
Esse tipo de equalizador é extremamente popular tanto no processo de gravação quanto na mixagem de instrumentos de maneira isolada, permitindo modificar com precisão a clareza ou a presença sonora dos mesmos ou, quando necessário, atenuar certas frequências para corrigir problemas específicos.
Na etapa de masterização, o equalizador paramétrico é particularmente valorizado por sua capacidade de intervir de forma quase cirúrgica, o que é essencial para a correção de falhas pontuais no áudio final.
Equalizadores Gráficos
Os equalizadores gráficos são caracterizados por terem uma frequência central e uma largura de banda pré-determinada que não podem ser ajustadas.
Vamos adicionar mais um capítulo à nossa linha do tempo histórica. Nos tempos antigos da gravação em discos de vinil, era necessário recorrer a técnicas especiais para evitar picos de volume excessivos e maximizar a duração de cada lado do LP. Uma das ferramentas utilizadas para esse propósito era o filtro passa-altas, que exploraremos mais adiante.
Embora a era digital tenha superado o problema físico relacionado ao espaço nos discos de vinil, ainda estamos diante de um desafio psicoacústico: a nossa sensibilidade reduzida a frequências baixas.
Uma abordagem possível para aumentar o volume sem que haja grande prejuízo à percepção sonora dos graves é empregar um filtro passa-altas muito preciso abaixo da marca de 40Hz. Essa técnica pode ser aplicada sem impactar significativamente a energia do som de instrumentos como o bumbo e o baixo.
É importante ressaltar que, ao tomar decisões relacionadas ao som, a qualidade do sistema de woofers, responsável pela reprodução de frequências baixas, é essencial.
Equalizadores de Fase Linear
Na concepção de equalizadores analógicos contemporâneos e da maioria dos modelos digitais atuais, ocorre uma variação de fase como resultado direto do aumento ou atenuação do nível do sinal.
Esta alteração de fase leva a um atraso na transmissão do sinal que difere dependendo da frequência. Além disso, o tempo de atraso varia de acordo com a intensidade do ganho ou do corte aplicado.
Os filtros aplicados às altas frequências são os que mais contribuem para o deslocamento de fase. Tal alteração sempre modifica tanto o sincronismo da peça musical quanto a forma da onda, gerando o que se denomina distorção de fase.
No mundo digital, há um tipo específico de filtro chamado Symmetric FIR Filter, o qual é caracterizado por ter uma fase linear, significando que o atraso provocado pelo processamento é uniforme em todo o espectro de frequências, permanecendo constante independentemente dos ajustes de equalização.
A implementação de filtros FIR, que são complexos de executar em tempo real e limitados ao ambiente digital, tornou os equalizadores de fase linear disponíveis somente em uma fase mais moderna do desenvolvimento tecnológico. Estes dispositivos de fase linear têm a vantagem de uma reprodução sonora extremamente pura, atuando nos cortes e nos reforços das frequências de forma transparentee sem adicionar colorações ao som.
Não se pode dizer que um tipo de equalizador é superior ao outro. Os equalizadores de fase mínima, que seguem um modelo mais analógico, tendem a criar uma sensação de profundidade e uma imagem estéreo mais ampla, proporcionando à música uma agradável sensação de amplitude, resultado das imperfeições provenientes dos deslocamentos de fase mencionados.
Equalizadores Dinâmicos
É a mistura entre um equalizador e compressor. Você pode adicionar uma compressão somente na frequência selecionada, lembrando um compressor multibanda.
Porém, a equalização dinâmica é mais cirúrgica que o compressor multibanda, podendo ser utilizado para controle de ruídos, chiados e sons sibilantes.
Controles do Equalizador
Selecionador de Frequências: Determina qual frequência queremos trabalhar.
Nível de Realce ou Atenuação dessas Frequências: Determina quantos Decibéis adicionamos ou atenuamos nessas frequências selecionadas.
Q (Largura de Banda): A escolha do Q alto ou baixo vai depender da situação. Uma curva suave quase sempre soa mais natural que os estreitos. É interessante utilizar um Q mais alto, maior que 2 quando necessitar ser cirúrgico, como atenuar ressonâncias ou ruídos, por exemplo.
High Pass e Low Pass
Filtro High Pass (Passa-Altas) e Low Pass (Passa-Baixas), é encontrado em muitos prés e consoles. Quando for High Pass, só passa as frequências acima da selecionada, se for Low Pass, somente as abaixo da selecionada.
Shelving
O High Shelving aumenta todas as frequências acima da selecionada, e o Low Shelving todas abaixo da selecionada.
Baxandall
Um uso típico do circuito Baxandall pode ser observado nos controles de tonalidade, como aqueles botões para o ar, encontrados em amplificadores de áudio.
A chamada “banda de ar” refere-se ao espectro de frequências que vai de 15 a 20 kHz, que estão entre as mais altas frequências auditivas para o ser humano. Apesar de ser uma curva menos conhecida, ela tem sua importância e mostra-se particularmente valiosa no processo de masterização.
Similarmente à equalização do tipo Shelving, a curva Baxandall pode ser aplicada tanto para elevações quanto para cortes nas frequências altas ou baixas. No entanto, diferentemente do Shelving que atinge um patamar e se mantém, a curva Baxandall continua a ascender ou descente.
Você pode replicar um Baxandall de alta frequência utilizando um equalizador paramétrico. Nessa configuração, a seção da curva do tipo “bell” em 20 kHz é menos enfatizada, e o que se observa é um incremento suave iniciando por volta dos 10 kHz e atingindo seu ponto máximo ao chegar em 20 kHz.
Equalizando sem usar o Equalizador
Se você quer uma guitarra grave, ao invés de usar uma Telecaster e equalizar, não seria mais fácil usar uma Les Paul?
Se quer um bumbo de reggae, extremamente grave, não seria mais fácil substituir o bumbo de 18 por um de 20 a 24?
O MÚSICO. Um baterista que toca mais forte, pode conseguir mais definição que um que toca fraco. Isso vale para outros instrumentos também. Pegada do músico faz muita diferença.
Quando o microfone está perto da fonte, captamos mais os graves e agudos. Mic angulado ou mais longe, perdemos um pouco dos graves e da definição. Isso eu explico em detalhes no módulo de captação de todos os instrumentos no Audio Expert.
Equalização na Prática
Para ilustrar a aplicação prática de um equalizador no tratamento do som de um bumbo, a fim de que ele se integre melhor na mixagem, vamos considerar uma técnica de atenuação das frequências indesejadas.
Inicialmente, você deve aumentar significativamente o nível de equalização para ressaltar de forma exagerada a ressonância que queremos eliminar, utilizando um valor de Q (fator de qualidade) amplo. Com isso, ao percorrer as frequências, você encontrará o ponto onde a ressonância se torna mais desagradável.
Em seguida, ajuste o Q para uma configuração mais estreita, que permitirá uma abordagem mais precisa e cirúrgica. Por fim, reduza a equalização até a intensidade que achar apropriada para aliviar essa ressonância.
Se o objetivo for realçar aspectos que tornam o som do bumbo mais atraente, empregue uma abordagem oposta. Mantenha o Q amplo e busque por essa frequência que agrega uma característica desejável ao som. Assim que localizar essa frequência, ajuste o ganho e o Q conforme necessário para obter o efeito sonoro preferido.
É importante enfatizar que essas estratégias de equalização variam consideravelmente dependendo do gênero musical; por exemplo, o Reggae frequentemente apresenta uma ênfase maior em instrumentos de baixa frequência, enquanto o punk rock tende a ser caracterizado por uma sonoridade mais agressiva, estridente e repleta de brilho.
Equalização no Ao Vivo
No geral, a equalização ao vivo não difere muito do estúdio. No estúdio, quando necessário, podemos ser mais agressivos na equalização, já que não precisamos se preocupar com vazamentos e Feedbacks.
Atualmente é raro encontrar equalizadores analógicos no ao vivo, já que a tecnologia está muito avançada nos equalizadores digitais das mesas e softwares. Sem contar a praticidade de não precisar transportar equipamentos volumosos e caros, além das facilidades no Recall.
O Próximo Passo
Lembrando, o que estudamos até aqui foi apenas o resumo do resumo, a ponta do iceberg. Não teria como transcrever num post um ebook completo que escrevi no Ebook Dominando o Equalizador.
Lá, além de explicar toda a teoria, eu te mostro na prática, passo a passo como e qual equalizador usar em cada instrumento da maneira mais eficiente possível. Mostro também:
Técnicas de Equalização nos Principais Instrumentos;
A melhor Técnica para deixar o Som na Cara;
O Jeito mais Eficiente de encaixar a Voz na Mixagem;
Quais os Equalizadores Clássicos para cada Instrumento;
Quais os Equalizadores que eu uso Hoje e Recomendo, Equalizadores para MASTERIZAÇÃO e Equalizadores de FASE LINEAR;
Aproveita, nós vemos lá! Abraços, Eduardo
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Eduardo Rabuske
Produtor Musical, engenheiro de som e guitarrista: Formou-se em Produção Fonográfica na Unisinos e continuou seus estudos em cursos no Rio Janeiro (Brasil) e em Hamburgo (Alemanha). Já realizou trabalhos com artistas de todo o Brasil que vão do gospel à vaneira e rock, como Tchê Barbaridade, Tchê Garotos, Renato Borghetti, Alexandre Móica (Acústicos e Valvulados), Bidê ou Balde, Tequila Baby, Frank Solari, Kiko Freitas, Felipe Duran e outros.
Treinamentos: Desenvolveu o Audio Expert, um dos melhores treinamentos para produtores musicais e engenheiros de áudio da atualidade.
Projetos Acústicos: Realiza projetos arquitetônicos com tratamento e isolamento acústico para estúdios, residências e auditórios.
RKE Studio: Proprietário do RKE Studio, um dos maiores estúdios do sul do Brasil.