Tudo sobre Mixagem: Piano e Teclados

Guia passo a passo

Eduardo
09/08/2025

Sumário

No dia de hoje, iremos discutir a arte da mixagem, com um olhar especial para o teclado, um instrumento que tem se destacado tanto no cenário nacional quanto internacional. Tudo o que discutiremos aqui se aplica tanto ao piano acústico, rhodes, hammond, quanto ao teclado com samplers. Vamos explorar as técnicas, equipamentos e plugins mais adequados para mixar o teclado, desvendando os erros comuns associados a essa prática.

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Com os avanços da tecnologia, temos à nossa disposição diversos recursos para criar um som de teclado de alta qualidade. Podemos gravar usando samplers em um home studio ou utilizar a saída de linha do teclado para simular um piano acústico microfonado, além de contar com recursos avançados de edição nas DAW, é claro.



Com isso, é cada vez mais comum que produtores busquem informações sobre mixagem para poder mixar suas próprias produções em seus home studios. No entanto, muitas vezes eles se deparam com um excesso de informações, e infelizmente muitas delas são duvidosas.

 

Antes de continuar com este artigo, recomendo que leia primeiro o artigo sobre a gravação de teclado. A mixagem é apenas a continuação do trabalho que iniciamos na gravação. Se você já leu e está interessado em obter o melhor som de teclado, está no lugar certo.

Existe mixagem de Teclado?

Primeiramente, a palavra mixagem, originada do termo inglês “mix“, significa misturar. A mixagem consiste em combinar todos os instrumentos, sendo o teclado apenas mais um elemento nessa combinação. Portanto, podemos concluir que a “mixagem de teclado” não existe. O que realmente ocorre é o processamento do teclado durante a mixagem, e é esse o foco central deste conteúdo.

Como Editar Teclado?

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Ao editar teclados, temos dois objetivos principais. Um deles é corrigir a execução, enquanto o outro é aprimorar a performance para que o teclado se integre perfeitamente à bateria, proporcionando mais impacto na mixagem

Como discutido no post sobre gravação de teclado, o som do teclado na mixagem é 80% determinado pela gravação. Um bom instrumento com bons samplers, e é claro, uma boa execução. Ao contrário do piano acústico, o teclado, além dos timbres, trabalha muito com efeitos. Mas o piano é apenas o instrumento. Portanto, se for um piano acústico, o cuidado com a captação deve ser redobrado.

 

Antes de decidir se devemos “quantizar” o teclado (termo que vem do inglês “Quantize”, significando ajustar cada nota do teclado exatamente ao tempo), é crucial determinar se o estilo musical em questão demanda essa quantização. Embora a edição precisa do tempo no teclado possa adicionar mais energia à mixagem, ela é adequada apenas para alguns estilos. Por exemplo, estilos como MPB, Jazz, pagode e blues geralmente não se beneficiam desse tipo de edição, então é importante ter cautela.

 

Um bom produtor deve estar familiarizado com todas as ferramentas de edição, mas é crucial saber quando é apropriado editar e quando é melhor não editar.

 

Atualmente, existem vários softwares de correção de tempo, como Cubase, Pro Tools, Logic, Studio One, Reaper, entre outros. Caso o teclado tenha sido gravado via MIDI, a edição se torna muito mais fácil e com zero impacto no áudio. Podemos até escolher o quanto de perfeição no grid teremos automaticamente.

 

No entanto, se for pista de áudio, independentemente do software utilizado, o conceito de edição é semelhante: recortar e mover as notas para o tempo correto. A menos que se esteja buscando um efeito artístico específico, a regra geral é minimizar as edições.

 

Pessoalmente, não apoio a utilização de processos automáticos de correção de tempo, pois eles tendem a processar quase tudo, principalmente midi. Independentemente da necessidade real da música ou de como o processamento afeta o som do teclado.

 

A maioria dos profissionais de renome prefere realizar a edição do teclado manualmente, confiando em seus próprios ouvidos. Alguns podem usar processamento automático, mas revisam o trabalho posteriormente.

 

Embora seja possível melhorar consideravelmente o tempo com as ferramentas de edição atuais, a interpretação da performance muitas vezes não pode ser aprimorada.

 

As ferramentas de processamento automático podem economizar tempo, especialmente ao trabalhar com várias faixas, mas a revisão manual é sempre preferível.

 

Sempre que possível, selecione a nota, recorte e mova para o tempo desejado. Evite usar recursos como time stretch (distensão de tempo) ou elastic audio do Pro Tools, a menos que seja necessário para uma edição extrema. Essas ferramentas devem ser reservadas para casos específicos.

 

Aprimoramento do Estéreo

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Se não estiver usando um arquivo mogg ou um sintetizador específico, o teclado será estéreo. Raramente trabalhamos com teclados em mono.



Sabia que a maioria dos timbres de teclado são mono? O canal direito é apenas uma cópia do canal esquerdo, com algum efeito, geralmente Chorus.

 

Se você tiver um sinal de teclado mono, pode transformá-lo em estéreo, copiando a faixa e adicionando um efeito conforme desejado. No entanto, essa regra não se aplica a pianos, hammonds, rhodes, pois eles já dividem o espectro em estéreo.


Quando há mais de uma faixa de teclado, como um sinal de linha e um sampler, ou até mesmo mais de um microfone no caso de um piano acústico, é crucial garantir que a fase entre as duas faixas esteja alinhada antes de agrupar todas as faixas para edição. Não é aconselhável editar cada faixa isoladamente. Ao ajustar o teclado no grid, todas as faixas devem se mover juntas para evitar problemas de fase.

O que é Fase?
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No contexto do áudio, a fase se relaciona com a diferença de tempo entre duas ondas sonoras ou sinais de áudio. Quando duas ondas estão em fase, seus pontos mais altos e mais baixos ocorrem ao mesmo tempo, o que resulta em um reforço do som. Por outro lado, quando estão fora de fase, os pontos mais altos de uma onda coincidem com os pontos mais baixos da outra, o que resulta no cancelamento do som.

Gravando com Samplers
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Hoje em dia, há uma crescente demanda por timbres virtuais em plugins de samplers, como os da Native Instruments, ArturiaUniversal Audio, tanto para simular a captação de um instrumento microfonado quanto para ter uma coleção de timbres clássicos ao alcance das mãos.

 

Os samplers são uma opção valiosa e muitas vezes conseguem reproduzir o som de forma muito próxima ou até idêntica ao do instrumento original, que pode custar milhares de dólares. Como mencionei em uma postagem sobre a gravação de teclados, a vantagem dos instrumentos originais, como pianos, rhodes e hammonds, está mais na tocabilidade do que propriamente no timbre em si. O fato de termos uma maior facilidade em tocá-los nos permite executar melhor o instrumento.

 

Essa abordagem é bastante pessoal. Eu, particularmente, prefiro priorizar o uso de instrumentos acústicos e recorrer aos timbres virtuais apenas quando necessário para aprimorar a qualidade sonora ou para se adequar ao estilo desejado. No entanto, precisamos encarar a realidade: ter um arsenal de instrumentos originais à disposição é para poucos.

 

Isso, é claro, no contexto de estúdio. Em apresentações ao vivo, os samplers são extremamente úteis.

Editar com os olhos
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Durante a edição, é importante ter em mente que, como seres humanos, muitas vezes tendemos a confiar mais na visão do que na audição, o que pode nos levar a cometer equívocos ao realizar tarefas detalhadas no estúdio.

Quando uma nota parece correta no grid da estação de trabalho de áudio digital (DAW), é provável que nosso cérebro nos faça acreditar que ela está correta, mesmo que uma performance naturalmente editada e no tempo nem sempre se alinhe perfeitamente a esses grids.

 

Não estou sugerindo que as grades de tempo do software não sejam úteis ao indicar como uma nota que soa estranha pode ser ajustada de forma sensata. Na verdade, elas podem economizar muito tempo. No entanto, é crucial disciplinar-se para fechar os olhos ou desviar o olhar da tela ao escolher notas para ajuste e ao decidir se as alterações melhoraram a situação.

 

Pessoalmente, depois de editar cada seção da música, costumo levantar-me da cadeira do estúdio e ouvir a música em outra parte da sala, de costas para a tela.

 

É surpreendente como as decisões se tornam mais claras quando saímos do “modo de edição” e adotamos mais a mentalidade de ouvinte, longe dos faders.

Fenômeno Mental
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Um aspecto psicológico significativo a ser levado em conta é que a percepção do tempo se torna mais aguçada à medida que uma determinada frase é repetidamente ouvida.

Isso explica por que as produções de estúdio se beneficiam mais de uma afinação precisa do que as performances ao vivo, já que é mais provável que os ouvintes escutem a gravação várias vezes.

 

Por outro lado, esse aumento progressivo na sensibilidade perceptiva também pode levar a erros na edição, uma vez que começamos a perceber nuances de tom e tempo que, na realidade, não afetarão a percepção dos ouvintes comuns.

 

Então, aqui está um breve resumo da edição de teclado que eu ensino no Audio Expert. 

Mixagem

Após o teclado estar bem gravado, bem editado, vamos estudar sobre as principais técnicas para deixar o teclado impecável na mixagem.

Equalizador
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O equalizador é uma ferramenta essencial na mixagem, e na bateria não é diferente. Mesmo que a bateria soe bem por si só, é necessário equalizar para que se encaixe na mixagem quando outros instrumentos são adicionados, caso contrário, ficará muito alta ou baixa.

Não vou me aprofundar nos detalhes dos parâmetros do equalizador, já que esse não é o foco deste artigo. Se você deseja ampliar seus conhecimentos sobre equalização, sugiro que baixe o Ebook “Dominando o Equalizador“. Nele, você encontrará explicações detalhadas sobre a ferramenta, técnicas para melhorar o som, equalizadores clássicos para cada instrumento, equalização para masterização, fase linear e muito mais.

 

Ao equalizar o teclado, a principal meta é garantir que ele se encaixe bem na mixagem. No entanto, também podemos utilizar a equalização para tornar o som mais atraente, como realçar um pouco mais os graves ou destacar o brilho das notas.

Como Equalizar Teclados?
  • O piano abrange a nota mais grave e a mais aguda de todos os instrumentos, ocupando considerável espaço em todo o espectro sonoro.

 

  • Geralmente, as frequências graves dos pianos e teclados tendem a competir com o bumbo e o baixo. Se isso ocorrer, é aconselhável filtrar as frequências graves.

 

  • Tanto em pianos acústicos quanto em teclados em geral, é frequentemente benéfico reduzir as frequências médio-graves para abrir espaço para outros instrumentos.

 

  • Em músicas com bateria e baixo, é possível realizar um corte abaixo de 80/100 Hz sem comprometer a sonoridade.

 

  • As frequências graves indesejadas costumam estar em torno de 180 Hz, e o excesso pode ser atenuado entre 150 e 300 Hz.

 

  • A clareza costuma ser encontrada entre 2 e 4 kHz, enquanto o brilho está tipicamente em torno de 10 kHz.

 

  • Ao posicionar um teclado dentro da mixagem, experimente reduzir ligeiramente as frequências médio-graves e aplicar um leve aumento com um Q baixo entre 2 e 4 kHz.
Qual Equalizador devo usar no Teclado?
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Na prática, a maioria das vezes optamos por utilizar um equalizador paramétrico, uma vez que os equalizadores gráficos, devido ao seu Q fixo, não são tão utilizados. O equalizador de fase linear é mais comum na masterização, já que seu processamento requer muitos cálculos, o que pode resultar em latência na DAW.

Em relação ao equalizador digital, a precisão na seleção de frequências é uma vantagem, sendo excelente para ajustes precisos. Por outro lado, o equalizador analógico ou sua emulação em plugins tendem a adicionar mais coloração ao áudio, sendo uma boa opção para conferir um timbre especial ao teclado.

Compressor
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Assim como com o equalizador, não vou me aprofundar nos parâmetros do compressor. Se você deseja aprimorar suas habilidades com o compressor, tenho um Ebook Gratuito chamado “Tudo sobre Compressores“. Nele, você aprenderá em detalhes as melhores técnicas de compressão de áudio, mesmo que seja um iniciante sem conhecimento prévio.

 

Tanto em equipamentos de hardware quanto em plugins, meus favoritos são os VCAs e FETs, como os Empirical Labs Distressor, Universal Audio 1176, Crane Song Trakker.

Como usar o compressor no Teclado?
  • Normalmente, o ratio utilizado varia de 1:5 a 4:1, agindo mais como um nivelador.

 

 

  • O ataque geralmente é configurado para ser lento.

 

 

  • Com um release rápido, a compressão é mais perceptível.

 

 

  • Com um release lento, a compressão é menos perceptível.

 

 

  • Em outros estilos, pode ser interessante usar compressores que adicionam menos cor ao áudio, como Avalon, Millennia, Crane Song e até mesmo os digitais.

 

  • Pode ser útil aplicar um filtro passa-altas antes da compressão.

 

  • No caso de um piano microfonado, é importante verificar as frequências médias-baixas e aplicar um filtro antes da compressão.

 

  • Normalmente, é comum utilizar um ataque lento e um release rápido para realçar o ataque.

 

  • Para aumentar o sustain, pode-se utilizar um ataque rápido e release lento em paralelo.

 

  • As frequências graves são altamente comprimidas, então um ataque ou release rápido pode causar distorções.

 

  • Para um teclado com ritmo marcado, os tempos de ataque e release devem ser ajustados para tornar o compressor sensível às rápidas variações do sinal.

 

  • Outra técnica seria a compressão através do sidechain vindo de outro instrumento, como caixa e voz, o que proporciona uma rápida atenuação de volume no teclado quando esses instrumentos tocam. Isso pode ser uma técnica útil quando temos instrumentos tocando na mesma região de frequências do teclado.

 

Todas essas técnicas, tanto para o teclado quanto para muitas outras situações, podem ser encontradas no Audio Expert.

Efeitos no Teclado
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O teclado, assim como a guitarra, é um instrumento que geralmente se beneficia de efeitos. Dependendo do estilo musical, pode ser interessante adicionar um chorus ou delay, mas na maioria dos casos, o som é aprimorado apenas com Reverb.

A seleção e aplicação de efeitos no teclado variam de acordo com a música e o destaque que ele tem na mixagem. Por exemplo, se o teclado está misturado com guitarras e outros teclados, talvez funcione sem efeitos, ao contrário de uma música acústica em que o teclado ocupa bastante espaço na mixagem, nesse caso pode se beneficiar com um reverb.

Curso de Mixagem

Caso queira aprender tudo sobre produção musical…não deixe de conhecer o Audio Expert. Lá, você encontra muitas outras dicas de produção musical. 

 

Você não apenas dominará todas as técnicas essenciais de gravação, mixagem e masterização, mas também se tornará um mestre em design de estúdio, acústica e gestão de carreira, abrindo um mundo de possibilidades para você na indústria musical. Seja bem-vindo ao curso que transformará sua paixão em profissão.

Conclusão

Neste resumo, destaquei algumas sugestões sobre edição e mixagem. Se você quer se aprofundar no universo da produção musical, abrangendo gravação, edição, mixagem e masterização, sugiro conhecer o Audio Expert. Este é o treinamento mais abrangente de produção musical disponível, com mais de 360 vídeos detalhados, explicando o passo a passo.

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Eduardo Rabuske

Produtor Musical, engenheiro de som e guitarrista: Formou-se em Produção Fonográfica na Unisinos e continuou seus estudos em cursos no Rio Janeiro (Brasil) e em Hamburgo (Alemanha). Já realizou trabalhos com artistas de todo o Brasil que vão do gospel à vaneira e rock, como Tchê Barbaridade, Tchê Garotos, Renato Borghetti, Alexandre Móica (Acústicos e Valvulados), Bidê ou Balde, Tequila Baby, Frank Solari, Kiko Freitas, Felipe Duran e outros.

Treinamentos: Desenvolveu o Audio Expert, um dos melhores treinamentos para produtores musicais e engenheiros de áudio da atualidade.

Projetos Acústicos: Realiza projetos arquitetônicos com tratamento e isolamento acústico para estúdios, residências e auditórios. 

RKE Studio: Proprietário do RKE Studio, um dos maiores estúdios do sul do Brasil.

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