Imagine ouvir uma música em que a voz está ali, bem na sua frente, clara e presente, enquanto a bateria e os efeitos ficam lá atrás, com espaço, dimensão… Esse tipo de mixagem 3D parece coisa de estúdio top ou plugin caríssimo, mas muitas vezes tudo isso pode ser conseguido apenas na master, sem mexer nos canais individuais da mixagem.
Neste artigo, você vai aprender exatamente como usar técnicas de mid/side para trazer profundidade e dimensão profissional, com ferramentas acessíveis e de forma relativamente simples.
Está pronto para começar? Então vamos lá, vamos aprender a deixar sua mixagem mais interessante
O que é Mid/Side (M/S)
O mid representa os elementos que ficam no centro da imagem estéreo — voz principal, bumbo, caixa, baixos etc.
O side representa tudo que está nas laterais — guitarras dobradas (dobras), efeitos estéreo, reverbs, pads, elementos que ajudam a ‘abrir’ o som.
O processo básico de separação envolve manipular o canal L e R: você duplica a mix estéreo, cria uma versão que realça o centro (mid) e outra que enfatiza as diferenças entre L e R (side), usando inversão de fase ou plugins que façam o mid/side routing.
3 Técnicas para Adicionar Profundidade na Masterização
Vou estruturar em passos/técnicas, como apresentado no vídeo, para facilitar o uso.
Técnica 1 — Equalização Mid/Side para clareza e separação
Separe mid e side da master (usando plugin ou duplicando a mix estéreo com inversão de fase em um dos canais).
No mid: corte ou atenua a “lama” de médio-grave, normalmente entre 200 a 400 Hz (~ 350 Hz) com um EQ. Isso ajuda a abrir espaço na mix para voz, bumbo, caixa.
No side: realce médias-altas ou agudos (“ar” dos efeitos, reverbs etc.), para trazer brilho e ambiência nas laterais.
Resultado esperado: a mix vai ficar mais limpa no centro, com menos ‘embolamento’, e mais “aberta” nas laterais.
Técnica 2 — Imager estéreo multibanda para contraste de largura
Use uma ferramenta de stereo imager capaz de multibanda (ex: Ozone Imager ou equivalente).
Estabeleça faixas de frequência, por exemplo:
Frequências abaixo de ~120‑130 Hz → mantenha mono (no mid) para evitar problemas de fase ou baixa definição em sistemas que não lidam bem com grave estéreo.
Frequências altas (ex: acima de 10 kHz) → amplie o estéreo para dar “ar” e brilho nas pontas.
Ajuste para que haja contraste — grave firme no centro, e brilho/ambiente aberto nas pontas.
Técnica 3 — Expander multibanda no mid + side chain para elementos principais
Esse passo é um pouco mais avançado, mas com uma explicação clara você consegue aplicar:
Use um multiband expander no canal mid (ou na parte central da sua cadeia de masterização).
Configure de forma leve; objetivo é acentuar levemente os elementos que queremos que fiquem “na cara” — voz, bumbo, solos etc.
Use side chain interno (side‑chain) acionado por um elemento específico, como o bumbo. Ou seja: quando o bumbo tocar, o expander “abre” ou permite que os elementos centrais (voz, caixa, etc.) fiquem mais destacados.
Atenção para ataque e release adequados, e para que o efeito seja sutil, para não quebrar a naturalidade ou causar artefatos.
Técnica 4 (Bônus) — Reverb Sutil na Masterização para Profundidade Extra
Sim, é possível — e em alguns casos, desejável — usar reverb na masterização. Mas não estamos falando de um reverb audível e escancarado. A ideia aqui é aplicar uma camada quase imperceptível, com o objetivo de colar os elementos da mix, dar mais coesão e uma sensação de profundidade extra no plano sonoro.
Como fazer:
Use um reverb de convolução ou algum reverb realista, com resposta curta e sem cauda aparente.
O ideal é carregar o reverb como send effect (em paralelo), não em insert direto. Assim você tem controle total sobre o quanto do sinal seco e molhado vai pro resultado final.
Escolha presets como “small room” ou “early reflections only”, e ajuste para que o reverb traga ambiente, não “eco”.
Ajuste o mix/send do reverb para algo muito sutil, tipo -20 a -30 dB. A ideia é que só se perceba quando você desativa — o som parece ficar “seco” e menos interessante sem ele.
Dica bônus:
Você também pode colocar esse reverb apenas no canal SIDE, para abrir ainda mais o ambiente nas laterais, mantendo o centro mais focado e definido. Basta usar um plugin que permita processamento mid/side no retorno do reverb.
Dicas Gerais para Aplicar Bem
Sempre escute com fone de ouvido ou monitores bem calibrados para ouvir diferenças sutis nas laterais e centro.
Compare com e sem bypass para perceber o ganho, não ficar só na memória do som.
Menos pode ser mais: exagerar nos ajustes pode deixar o som artificial ou causar incompatibilidade em sistemas mono.
Ferramentas: FabFilter, Izotope, equalizadores que permitam Mid/Side, Imagers estéreo, expanders multibanda. Existem plugins nativos também dependendo do DAW.
Resultado Final
Com esse toque de reverb sutil, somado ao EQ, stereo imager e expander mid-side, sua master vai soar muito mais profunda, profissional e “colada” — com aquela sensação de espaço tridimensional que encanta os ouvidos mais exigentes.
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Conclusão
Usar mid/side na masterização é uma maneira poderosa de dar profundidade, clareza e dimensão ao som, mesmo quando você já fez uma boa mixagem. Com apenas alguns ajustes de EQ no mid, imager estéreo multibanda, e um expander no centro com side‑chain, é possível transformar uma master “acabada” em algo que entre mais forte perceptivamente — parecendo “estar dentro da música”.
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Eduardo Rabuske
Produtor Musical, engenheiro de som e guitarrista: Formou-se em Produção Fonográfica na Unisinos e continuou seus estudos em cursos no Rio Janeiro (Brasil) e em Hamburgo (Alemanha). Já realizou trabalhos com artistas de todo o Brasil que vão do gospel à vaneira e rock, como Tchê Barbaridade, Tchê Garotos, Renato Borghetti, Alexandre Móica (Acústicos e Valvulados), Bidê ou Balde, Tequila Baby, Frank Solari, Kiko Freitas, Felipe Duran e outros.
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